Suspiros

*foto olhares.pt
Normalmente, penso que o amor-próprio é uma versão do egoísmo, de certa forma relacionado com o orgulho. Quando nas nossas relações algo nos fere, é o nosso amor-próprio que se revolta com a injustiça ou consideramos falta de respeito. Atacaram a nossa dignidade, fizeram-nos sentir menores. E isso é desconfortável e faz-nos reagir.
Tenho sempre a sensação que as motivações que nascem de experiencias desagradáveis não são boas, e as acções que pomos em movimento através delas, acabam por lhes dar continuidade. Podemos também pensar em amor-próprio como uma face da auto-estima. Este amor-próprio nasce do desejo de nos afirmarmos naquilo que somos, de termos uma palavra a dizer, de nos sentirmos úteis, afinal queremos ser reconhecidos assim. E quando isto não acontece, surgem de novo mágoas ou feridas, as reacções ou sensações menos agradáveis. Creio que pode haver um ponto de equilíbrio entre todas estas sensações.
O amor-próprio tem lugar na nossa natureza, uma espécie de instinto de sobrevivência, para não desaparecer no mundo das relações. O grande segredo está no modo em como usamos esta nossa energia, em que somos felizes com aquilo que somos, temos e fazemos. Tudo isto se reflecte como um espelho que reflecte a forma como gostamos de nós, como nos mostramos aos outros, como nos entregamos ou mesmo nos permitimos amar.

O egoísmo não é bom, é uma fonte de tensão e desolação, porque simplemente a Vida e as suas circunstâncias, as minhas relações, não funcionam como interesses em ilhas isoladas, de querer controlar, mas segundo modos de comunicação e de partilha: de ganhar e perder, de terminar e recomeçar, de ver cair e fazer erguer, semear e fazer crescer, de perder e apreender!
A energia do amor-próprio deveria ser usada num dinamismo de humildade e simplicidade.
Ser humilde não é apagar-se, mas é reconhecer a própria generosidade e beleza, que é algo fundamental em cada um de nós e que nunca desaparece. É comunicar o que sou com simplicidade, com vontade de ser melhor e estar disponível.
Shakespeare disse: "Readiness is all", ou seja estar pronto para tudo, para o que acontecer, sabendo que a minha capacidade de fazer o melhor em todas as circunstâncias, não desaparece nem desvanece.
Isto implica uma coragem gigantesca, que vive em perfeita harmonia com a humildade de saber que não posso dominar tudo, e a simplicidade de aceitar a Vida como oportunidade de me questionar e ver o que posso realmente fazer, criar!
Este amor-próprio é imensamente criativo e corajoso, forte, e pode trazer muitos frutos naquilo que Vivo e partilho com os outros!

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Sem fim...#vidal