Como poderia ser sereia se tenho estas asas, que fazem de mim livre, livre neste universo sem fim dos meus sonhos...
Como poderia cantar e encantar, se tu te rendeste aos meus encantos, antes que o pudesse fazer.
Pintaste em mim a mais sublime imagem do teu pensamento, o quadro da musa dos teus sonhos, um pouco de tudo o que mais gostarias de ter e ser, por viveres os teus dias entre angustias e desalentos...
Voo, voo com as asas da minha alma, percorrendo campos de sonhos.
Voo por mares imensos de alegria e corais...
Se tocasse o mar, mergulharia a minha vontade de voar, afogaria a luz dos meus pensamentos...
Sim, sou minha, porque só assim poderia usar estas asas...
Mas um dia entreguei-me a alguém, mergulhei e fui ao fundo do mar, onde sereias bailam e cantam, onde as minhas asas eram demasiado grandes e fracas, onde toda a força se apagou por tentar chegar a ti, e tu?
Tu estavas ali, sobre o teu piano: triste e exausto de lutares contra o que gostarias de fazer, e nunca fizeste, por estares preso...
Só preciso de voar, simplesmente voar, é tudo o que preciso!
Ensinei-te a usares as tuas lindas asas, mas mergulhaste profundamente nesse mar que é só teu, onde enlouqueces ao som dos acordes de doces memorias de mim, e de ti...onde as tuas asas enfraquecem, presas ao que resta de ti por nunca teres conseguido ser, simplesmente Tu.
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