Peregrina do amor

Não me procures mais, pois sempre estive aqui.
Não te escondas mais, porque posso não encontrar-te.

Aqui cheguei, aqui estou à porta deste teu castelo de príncipes e princesas, pintado e esculpido de mil e uma noites e cores quentes, de sonhos e sorrisos, brincadeiras e gargalhadas nossas.

Quando percebi onde estavas, deparei com esta muralha em teu redor.

O portão está fechado a mil correntes e cadeados, e aqui, sentada à porta de ti, a única coisa que vejo são as purpurinas que imanas em noites de sonhos acordado. Onde sonhos de menino se fundem com desejos do homem que és, e não consegues ver...

Sentei-me aqui junto ao teu portão, depois de percorrer montanhas de sonhos sem retorno, depois de navegar por mares perdidos e repletos de tempestades…

Avistei-te ao longe como uma miragem, e vi-te caminhar entre inúmeros fios que te prendem a essas cordas.
Vim porque te ouvi chamar por mim, em suspiros calados na noite.

Vim porque a chuva me trouxe o sabor das tuas lágrimas.
Vim porque mesmo sabendo que estavas longe, sempre te sinto perto…
Vim porque acordas e adormeces os meus dias,
Vim porque não vir, seria por fim ao sonho de continuar sonhar-te…
E para aqui chegar, recolhi memórias guardadas num álbum do passado, beijos perdidos num tempo que parou, colei pedaços de imagens recortadas e quadrados de quadros pintados, algures caídos no esquecimento, outros adormecidos. 
Recolhi um pouco de nós por todos os sítios onde um dia passamos, até chegar aqui.

Nesta eterna viagem em que me aventurei, tornei-me numa peregrina do amor...

A rosa vermelha que me deste, secou.

Trouxe-a para usar no cabelo, com aquele vestido vermelho que tanto gostavas, ainda com o cheiro da esperança de dançar contigo, uma vez mais.A viagem foi longa...
Aqui à porta de ti resta-me adormecer. Tudo o que tenho guardo em mim. Agora resta-me adormecer de cansaço.

Quando vieres, se me encontrares aqui? Desperta-me por favor!

Desperta-me mas não demores muito, pois tenho medo de não te reconhecer, ao acordar…